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Depois dessa foto tirada na Guerra do Vietnã, fotógrafo se arrependeu para sempre


Há imagens que pesam como bigornas na vida da gente.

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Não há sequer necessidade de palavras. São imagens capazes de mudar a forma de pensar das pessoas, de mudar situações. Imagens políticas, cujo significado corrobora outro ou altera para sempre um entendimento. A história de hoje é sobre uma imagem assim.

Em 1 de fevereiro de 1968, Eddie Adams, aos 34 anos, estava cobrindo a guerra do Vietnã para a Associated Press.point 306 |

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Os vietcongues, responsáveis pela guerrilha comunista contra os exércitos do Vietnã do Sul e dos EUA, haviam lançado uma ofensiva em Saigón, onde a violência crescia a cada dia.point 149 | Adams estava seguindo o chefe da polícia sul-vietnamita, o gal.point 203 |

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Nguyen Ngoc Loan, que levavam um prisioneiro consigo – um homem baixo de camisa listrada.point 75 | Assim que soube da ofensiva, o general parou, sacou seu revólver à cabeça do homem e disparou.point 153 | Ele morreu na hora.point 169 | 1

Adams conta que pensava que o general havia sacado a arma para fazer o sujeito confessar alguma coisa, para pressioná-lo. O fotógrafo não achava que o militar fosse assassinar o sujeito.

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Mas, no momento do disparo do general, Adams também fez o seu disparo: o da câmera.

A sua foto percorreu o mundo inteiro. E pense que isso não era nada fácil, numa época em redes sociais ou Internet. Mas a foto de Adams circulou entre jornais e revistas do mundo inteiro, mostrando o lado bárbaro da guerra. A história por trás da imagem? Simples: um homem mata um homem. Mas complexa: um homem, na posse de poder e em posição de dever e responsabilidade, age por conta própria e mata um sujeito já preso, já imobilizado.

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Ainda que na guerra do Vietnã tenham havido milhares de mortes, a morte registrada por Adams trouxe à tona a indignação reprimida de até então. Houve baixas na participação dos soldados americanos. A crítica internacional caiu em cima. A população ficou revoltada.

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O gal. Nguyen tentou se justificar, dizendo que homens como aquele matavam muitos compatriotas e que Buda o perdoaria.

A sua vítima se chamava Nguyen Van Lem, pai de duas filhas e de um menino por nascer. Ele tinha 36 anos e era guerrilheiro.

O general foi ferido na batalha meses mais tarde e teve que amputar uma perna.point 263 |

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Em 1975, pouco antes da derrota final, pediu asilo aos EUA e teve seu pedido negado.point 69 | Só conseguiu entrar no país pela ajuda de antigos amigos, que o fizeram abrir uma pizzaria em Virginia.point 155 | Os clientes que sabiam quem o general era tratavam-no diferenciadamente: alguns o elogiavam, outros o xingavam e ameaçavam.point 261 |

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Por diversas vezes, Adams pensou em cumprimentar o general e pedir-lhe desculpas pelo que o vazamento da foto havia feito com a sua vida.point 114 | Em 1998, Nguyen morreu de câncer.point 142 | 1

Nessa época, Adams escreveu uma matéria para a revista Time, na qual começava dizendo:

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‘’Ganhei um Pulitzer em 1969 pela foto de um homem disparando em outro homem.point 64 | Nessa foto, morreram duas pessoas: o que recebeu a bala e o general Nguyen Ngoc Loan.point 134 | O general matou o vietcongue; eu matei o general com a minha câmera.point 190 | […] As fotos são as armas mais poderosas do mundo.point 237 |

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As pessoas creem nelas, mas as fotos também mentem, isso quando não foram manipuladas.point 73 | Elas são apenas meias verdades.point 100 | O que a foto não dizia era: o que você faria se fosse o general, naquele momento, naquele lugar, naquele dia quente, tendo acabado de capturar o mal, depois que ele tivesse matado dois ou três soldados americanos?’point 277 | 1

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Adams morreu poucos anos depois. Ainda hoje, não se tem uma resposta pronta para o que ele (ou qualquer um) faria naquela situação. Seja como for, Adams arrependeu-se de ser feito a foto circular, pelo impacto que ela teve na vida do general, e a partir disso ele aprendeu uma importante lição: as pessoas manipulam os meios muito menos do que os meios manipulam as pessoas. Pensemos nisso.

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