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Quilombola e filho de lavradores supera condição social e está se formando em medicina


João Santos Costa, negro, quilombola, filho de lavradores, nascido e criado na roça com 11 irmãos e rodeado de pobreza, é um grande exemplo de superação.

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Com a proximidade de sua colação de grau na UFS Campus de Lagarto, João, de 24 resolveu escrever sobre sua história de vida.

O jovem nasceu em Sítio Alto, uma comunidade autodeclarada quilombola, onde seus moradores são descendentes de escravos.point 206 |

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Desde o nascimento, João foi assolado pela pobreza e a dificuldade de viver em condições precárias.point 84 | Porém, desde muito jovem, ele já sabia que não poderia se conformar com o que lhe era oferecido como solução de vida, pois não queria apenas sobreviver; ele queria viver.point 225 |

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Para isso, trabalhar na roça para prover o próprio sustento não era uma opção.point 65 | A única coisa que podia salvá-lo era a educação.point 105 | 1

As dificuldades já começaram ai. A família de pais analfabetos mal podia dar comida e vestimenta aos filhos, que dirá pensar em educação. Um pensamento como esse não fazia parte do povoado, não onde a grande maioria nem sequer chegava ao ensino médio. Pensar em universidade parecia até mesmo um sonho.

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Lembro-me que haviam momentos em que eu não sabia o que comeria no decorrer do dia, nem o que vestiria para ir estudar, nem se teria sapatos para calçar, mas eu nem pensava em faltar às aulas e muito menos em usar tais obstáculos como empecilhos para não buscar conhecimento e mudar de vida“, contou João.

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Enquanto estudava, João também ajudava a família trabalhando na lavoura, sempre com o pensamento em frente, desejando um dia poder proporcionar uma vida melhor aos pais. Apesar das adversidades, ele conseguiu se destacar na escola e sabia que o ensino poderia lhe dar mais opções. Porém, ele reconhece que foi a vida na lavoura e o esforço dos pais que o colocaram onde ele está hoje.

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Muitas vezes os presenciei abdicando de suas refeições para proporcionarem o desjejum aos inúmeros filhos, para comprarem materiais escolares e proverem vestimentas, tudo muito simples, mas de coração. Não foi fácil!”, desabafou.

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João também não esquece de agradecer aos professores que teve em toda a sua jornada como estudante, pois foi graças a seu apoio, ajuda e lições sobre a vida que ele conseguiu se formar com louvor na escola e ir rumo ao ensino superior.point 192 | Porém, antes de chegar lá, ele precisou lidar com a negatividade de pessoas próximas, que não acreditavam que alguém como ele poderia passar no vestibular para um curso tão concorrido quanto a medicina.point 362 |

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A falta de professores, materiais e despreparado da escola pública também pareceram ser um problema, mas ele soube exatamente como driblá-los, afinal de contas, para ele, não havia sonho maior do que a universidade.point 182 | 1

Com muito estudo, garra e apoio daqueles que o queriam bem, João conseguiu realizar o sonho de passar no vestibular, aos 17 anos.point 289 |

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E não apenas isso, como foi o terceiro colocado do curso de medicina da Universidade Federal de Sergipe, campus de Lagarto.point 103 | Durante os 6 anos de curso, ele se virou para conseguir seus direitos sociais, se inscrevendo no programa de residência universitária disponibilizado pela UFS e na bolsa permanência disponibilizada pelo MEC.point 280 |

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Como a situação econômica dos pais ainda depende do trabalho na roça e eles tem outros filhos para alimentar, João se esforçou para se virar por conta própria fora de casa, mesmo em um curso com custos como a medicina.point 179 | 1

E todas as dificuldades valeram a pena, já que hoje ele está com o pé na formatura e, em breve, será o novo médico de seu povoado.

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Posted by Universidade Federal de Sergipe – UFS on Tuesday, July 31, 2018

No pouco que vivi aprendi que quando as dificuldades baterem na sua porta deixe-as entrar! Nada melhor que os desafios para instigar a evolução humana. Acredito que se eu não tivesse tantas dificuldades não estaria me graduando em medicina, curso ainda elitizado e estereotipado em nossa sociedade. Mas a vida apenas está começando, o aprendizado sempre continua e nada é como antes“.

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Consegui suplantar os entraves proporcionados pela pobreza e pelo preconceito e hoje tenho orgulho de dizer que graças aos meus esforços e ao apoio de pessoas maravilhosas o negro saiu da “senzala”, o pobre saiu da roça e o aluno de escola pública está se formando em medicina em uma Universidade Federal“, concluiu João com sabedoria.

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Fonte: lagartense