Saiba quem foi Marielle Franco

Mulher, mãe, negra, feminista, periférica.

Nascida e criada na favela da Maré, Marielle Franco lutou para fugir dos estereótipos. Engravidou na adolescência como muitas outras de sua comunidade, mas conseguiu terminar os estudos e ingressar na faculdade graças ao pré-vestibular comunitário da Maré. Com bolsa integral, formou-se pela PUC-RJ em Sociologia e fez mestrado em Administração Pública na UFF. Nas últimas eleições, Marielle tornou-se a quinta vereadora mais votada do estado do Rio de Janeiro.

No dia 14 de março, ela foi brutalmente assassinada junto a seu motorista Anderson Pedro Gomes, na região central da cidade.

A morte de Marielle Franco comoveu o Brasil e o mundo, dando início a um movimento que grita por justiça e que pede seriedade nas investigações. O Parlamento Europeu, inclusive,  pediram o fim de negociações com o Mercosul até que a morte da vereadora seja solucionada.

Luta pelos Direitos Humanos

Durante sua vida política, Marielle dedicou-se à defesa dos direitos humanos e ao combate a ações violentas nas favelas. Seu interesse pelo assunto começou após a morte de uma amiga, vítima de bala perdida durante um tiroteio envolvendo policiais e traficantes de drogas na favela onde nasceu e viveu.

Em 2006, ela fez parte da equipe de campanha que elegeu Marcelo Freixo à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e tornou-se assessora dele após a posse. Logo depois, assumiu a coordenação da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da assembleia.

Críticas à intervenção federal e ao abuso policial

Assim que foi instaurada a intervenção militar no Rio de Janeiro, Marielle Franco usou sua voz na Câmara dos Vereadores para criticar a ação.point 167 | Com números e dados, ela mostrou que a última intervenção, feita na favela da Maré, custou caro demais para os cofres públicos e não obteve resultados expressivos.point 304 |

Além disso, falou das muitas vidas ceifadas durante a antiga intervenção.point 63 | Há duas semanas, ela assumiu a função de relatora da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio, criada para acompanhar a atuação das tropas na intervenção.point 191 | 1

Dias antes de morrer, em 10 de março, Marielle denunciou em seus perfis nas redes sociais abusos que policiais do 41º Batalhão de Polícia Militar haviam cometido contra os moradores da favela de Acari.

Luta pela mulher e representatividade feminina

Marielle lutou pelas mulheres, literalmente, até o fim de sua vida.point 57 | Momentos antes do crime, ela estava em um encontro chamado “Jovens negras movendo estruturas”.point 138 | Lá, ela falou sobre representatividade e sobre a importância de mais mulheres negras na política.point 221 |

Na Câmara, ela também ocupou o cargo de presidente da Comissão de Defesa da Mulher e criou um projeto que pediu a criação do Dossiê da Mulher Carioca – documento que obriga a prefeitura a reunir dados sobre a violência de gênero no município do Rio de Janeiro.point 213 | 1

Durante seu mandato, ela lutou contra o assédio com unhas e dentes.point 56 | Um de seus projetos chamava-se #AssédioNãoÉPassageiro, e visava o combate ao assédio nos transportes públicos, que prevê diversas ações legais e campanhas educativas sobre a violência sexual contra as mulheres.point 238 |

A proposta segue aberta em votação pública para conseguir ser enviada à Câmara de Vereadores.point 79 | Além disso, ela encabeçava a campanha #NãoÉNão, que visava conscientizar foliões sobre o assédio no carnaval.point 173 | 1

Ações fora da Câmara

Marielle era muito dedicada a ações sociais dentro e fora da Câmara. Frequentemente, organizava audiências públicas e eventos de debate sobre racismo, questão de gênero e cultura negra. Além disso, integrava a Frente Parlamentar da Economia Solidária, focada em pensar políticas públicas de fortalecimento de uma economia mais justa e consciente.

Uma voz do povo silenciada

A morte de Marielle é muito mais do que apenas mais um crime hediondo na cidade do Rio de Janeiro. A possível execução de uma aclamada vereadora representa a vontade de silenciar uma voz que fala pelas minorias, que expões truculências de autoridades, que fala pelas favelas. Além de ser um crime contra a democracia, pois cala a voz de 46.502 eleitores que votaram em Marielle.

O assassinato de Marielle Franco está sendo investigado pela Divisão de Homicídios. Eles afirmam que a linha de investigação mais forte é a de execução.

Veja um pouco mais da história de Marielle Franco: